terça-feira, 7 de abril de 2009

Por que estás abatida, ó minha alma?

Salmos 42:5 Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação que há na Sua presença.

Hoje parei para meditar neste salmo e rapidamente me veio a memória alguns colegas que resolveram fazer medicina. Uns por dinheiro,outros por status, outros por vocação, outros nem sabiam o que estavam fazendo.

Profissão bonita, homens e mulheres se vestem da pureza do branco, salvam vidas, manipulam os orgãos, vasos e nervos como ninguém. Esqueceram-se apenas de serem humanos...

Uma vez eu disse a um grande amigo: "cuidado, não case com a medicina pois ela nunca mais te dará o divórcio". E hoje, li este interessante artigo publicado em Portugal:

Acta Med Port 2005; 18: 433-444
MEDICINA, MÉDICOS E PESSOAS
Compreender o stresse para prevenir o burnout.
MARIA ANTÓNIA FRASQUILHO
Serviço de Psiquiatria. Hospital Miguel Bombarda. Lisboa.

Os médicos, perante disfuncionamentos emocionais não procuram ajuda, auto medicam-se, além disso negligenciam as suas necessidades gerais quanto a saúde. A maioria – 70% – dos médicos não faz check ups regulares,60% dos médicos de família não consultam o médico e quando uma doença lhes é de facto diagnosticada congregam-se múltiplos diagnósticos e a taxa de cirurgia é três vezes maior do que a população geral. A adesão dos médicos aos tratamentos prescritos pelos seus colegas é extremamente pobre, recusam, ignoram, ou depreciam o seu próprio tratamento.
Negam ou desqualificam os riscos inerentes à sua prática profissional ao mesmo tempo que minimizam o seu mal estar pessoal. Quando comparados com outros trabalhadores na área da saúde (fisioterapeutas, enfermeiros,auxiliares, administrativos) os médicos são muito significativamente o grupo com menor absentismo.
A incidência de doença mental (depressão e ansiedade graves) é maior (superior ao dobro) do que a de grupossimilares usados como controlos. Diversos estudos constatam que entre 23% a 47% dos médicos em exercício pontuam positivamente em questionários de rastreio de doençamental, Caplan determinou que 29% tem sintomas clínicos de depressão.
Os suicídios representam 38 % das mortes prematurasem médicos e são quatro vezes superiores nas mulheres do que na população geral. Os suicídios em médicas são superiores àqueles existentes em qualquer outro grupo profissional.
O perfil de maior risco para o suicídio inclui homem ou mulher, mais de 45 anos (mulheres) e mais de 50 anos (homens), raça branca, divorciado, separado ou solteiro, abusador de álcool ou outros tóxicos, dependente do trabalho – trabalhólico –, jogador, com comportamentos de desafio ao perigo, com sintomas de ansiedade ou depressão, sintomas físicos de dor crónica ou com doença crónica debilitante, com mudanças (ou ameaças de mudança) ao status – de reconhecimento, de autonomia, de segurança financeira – e perdas afectivas recentes.

Não peço aqui que deixem de ser médico(a)s. Peço que sejam humanos! Rapidamente tracei algumas linhas sobre a natureza humana e suas deturpações. É inato senhores, estamos fadados aos sofrimento: "NO MUNDO TEREIS AFLIÇÕES,(...)" João 16:33

Mas ele completa: "MAS TENDE BOM ÂNIMO; EU VENCI O MUNDO."

Por que estás abatida, ó minha alma?

Um comentário:

  1. Simplesmente FABULOSO, tanto o texto médico, que eu gostaria de te-lo em sua íntegra, como as observações da sabedoria teológica.
    Serviço chama, serviço.
    Manipular os sentimentos dentro do médico deve ser algo extremamente complexo. Burnout é a regra. Mas precisa-se trabalhar a mente e o espírito para a exceção.
    Texto inspirado, coerente e acalentador.
    Valeu meu caro escritor.

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