sexta-feira, 12 de junho de 2009

Alento


Homo infimus


Homem, carne sem luz, criatura cega,
Realidade geográfica infeliz,
O Universo calado te renega
E a tua própria boca te maldiz!


O nôumeno e o fenômeno, o alfa e o omega
Amarguram-te. Hebdômadas hostis
Passam... Teu coração se desagrega,
Sangram-te os olhos, e, entretanto, ris!


Fruto injustificável dentre os frutos,
Montão de estercorária argila preta,
Excrescência de terra singular.


Deixa a tua alegria aos seres brutos,
Porque, na superfície do planeta,
Tu só tens um direito: — o de chorar!

Augusto dos Anjos